segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Compton's O. G.

Mais um...

Para alegria de todos nós, fãs do Crip Mc Eiht, saiu o seu álbum mais recente: "Compton's OG". O trampo "Original Gangsta de Compton" é mais um trabalho solo do mc do CMW (Compton's Most Wanted), que chega como um belo presente de natal - ao menos para os mais fanáticos fãs, como eu. (Rs)

A faixa 2, "Robbery", já diz bem a que veio e faz jus ao nome do álbum. A melhor, na minha opinião. O baixão é bem na linha do Brotha Lynch. Lembra até o CMW, na miguelagem. Até arrepia... É claro que para os saudosistas os trampos mais atuais do Eiht não se comparam aos seus trampos do início da carreira: nem os clássicos "We Come Strapped" ou "Death Threatz", muito menos os plays do CMW... Mas temos de nos conformarmos com muitas transformações pelas quais o rap passou e está passando ainda. De fato as paradas mais antigas são insuperáveis e por isso mesmo devemos evitar a comparação para podermos usufruir daquilo que vem sendo produzido atualmente.

As faixas "Here She Comes", "Underground", "Where You From" e "Fake Niggaz" vieram bem no clima G Funk predominante nos álbuns mais recentes, característica do rapper em termos de trabalho solo. São o ponto alto - e quente - do barato. Destaque para a última delas. Na verdade, este álbum está em perfeita sintonia com os trabalhos anteriores do Eiht, o que comprova que o rapper decidiu traçar um determinado caminho, na tentativa de se manter atual, e conseguiu, sem dúvidas.

Uma coisa temos de considerar: embora o gangsta rap de Mc Eiht tenha mudado muito, ainda assim continua sendo gangsta rap de primeira. Basta olhar a tragetória do Snoop Dogg, por exemplo, e comparar. Mc Eiht ainda pode ser considerado um rapper underground, que não é apelativo ou comercialóide, caminho que o Crip evitou seguir por opção, não por falta de oportunidade.

No álbum houve espaço também para uma faixa mais light, "Want 2 Ride", que tem uns backing's estilo Zapp no refrão. Esta tem a participação de Fingazz. Aliás, a parte negativa da história foi não ver os parceiros do N.O.T.R. - Niggaz On The Run - em um cd inteiro do Eiht. Além do Finggaz, participam também os rapper's Soldier Inc., Stomper Heg e Mr. Criminal apenas.

O bom e velho "G" está aí para quem quiser conferir. Bem louco.

Vale a pena hein...

domingo, 5 de novembro de 2006

Racionais Mc´s Lança DVD


Racionais Mc´s prepara um documentário sobre a música negra em São Paulo. O documentário mostra os anos seguintes à partir da abolição da escravidão em 1888 e termina exatamente onde começa o rap: nos anos 80. No documentário, denuncia-se o projeto de branqueamento do país, onde os negros foram relegados ao desemprego enquanto os imigrantes europeus tiveram prioridade e assumiram os postos de trabalho que surgiram. Isto sem falar no período da escravidão, onde o negro foi responsável pela construção da riqueza do país e não levou nada em troca, saindo com uma mão na frente e outra atrás após a Lei Áurea.

A proposta do Racionais Mc´s é mostrar também o contexto político, onde os negros construíram sua resistência, através do teatro, da poesia, da militância no movimento negro e principalmente da música. Os bailes, segundo Brown, "eram um espaço político disfarçado para a resistência negra desde os anos 20, mesmo durante a ditadura do Getúlio Vargas" por exemplo, onde a militância política era proibida.

No documentário, a musica negra americana é apresentada como uma fonte de inspiração e referência aos negros brasileiros, uma forma de desabafo e diversão. Segundo Brown, "dizem que o rapper brasileiro é americanizado, mas a musica negra americana era, e ainda é, em muitos sentidos, uma musica que possui maior identidade com o negro brasileiro do que muito do que se produz por aqui". Para Brown, "o negro precisa saber que o Brasil nos deve, e portanto não está em condições de nos cobrar patriotismo..."

Maurício Black Mad, Wiliam da Zimbabwe, Tony Hits e Luizão da Chic Show estão entre os entrevistados no documentário. Em entrevista no programa "O Som Psicodélico de Tony Rits" Brown fala um pouco sobre este projeto e conta maiores detalhes, além de indicar também um musical muito louco. É importante o conhecimento de nossa história, até por justiça aos muitos que deram seu sangue no passado e criaram as condições para que o Rap surgisse. Vale a pena conferir.

Segue o link da entrevista do Mano Brown no programa do Tony Rits:

http://radio.musica.uol.com.br/tonyhits.jhtm