terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Pichação na Bienal

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No dia 26 de outubro, mais de 40 pichadores (se escreve com “ch” mesmo, embora os pichadores grafem com “x”, por opção) atacaram o “pavilhão vazio” da 28ª Bienal Internacional de São Paulo. A jovem de 23 anos Caroline Pivetta da Mota está presa desde então e pode ficar na Penitenciária Feminina de Santana até 2010 – ironicamente, o ano da realização da próxima Bienal. Ela é integrante da gangue Susto's (clique aqui).

O caso repercutiu muito desde então. O ministro da Cultura, Juca Ferreira, chegou a fazer um apelo ao governador José Serra para que libere a garota. Segundo o Ministro, "é um escândalo uma pessoa ficar presa esse tempo todo porque fez uma intervenção gráfica".

O pixo é um vandalismo. Todos sabem disso (inclusive, e principalmente, os pichadores...). Mas a repressão, por si só, não resolverá o problema. E não dá pra colocar no mesmo nível de outros crimes.

Quando o “artista plástico” Maurício Ianês vagou “nu” pela Bienal de São Paulo, no saguão do 2º andar, foi aplaudido pelo “mainstream da arte”. Lá ele ficou, sobrevivendo de doações dos visitantes. Mas, e se o mesmo Maurício fosse um desconhecido e tivesse “invadido” o saguão “pelado” (e não “nu”), o que aconteceria? Será que a mesma organização do evento teria chamado a polícia?

O que faz da arte, verdadeiramente, ARTE? Um carimbo “oficial”? O reconhecimento por parte da elite? Uma autenticação dada por meia dúzia de engomadinhos esnobes?
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O mundo da arte (o status quo...) é elitista e excludente. O poder público, em geral, nada mais faz do que legitimar esta lógica excludente. Daí que chega a ser uma afronta deixar um andar vazio na Bienal. É um deboche sobre uma multidão de excluídos. É cuspir na cara daqueles que ficaram de fora... Natural que haja uma reação. Ainda bem!

Não quero aqui assumir a posição de advogado do diabo. Muito menos engrossar o coro reacionário e conservador da imprensa e da elite econômica brasileira. Acho que o pixo é muito mais um sintoma do que uma doença de nossa sociedade moderna. Exatamente por isso que todas as iniciativas do poder público para “combatê-lo” ou “preveni-lo” fracassam: encaram o pichador como uma doença. E daí, tudo que fazem acaba por incentivar mais do que inibir: apagam incêndio com gasolina...

O maior mérito da pichação foi a repercussão. A iniciativa gerou um debate intenso e profundo sobre o caráter da Bienal, o papel da arte, etc.


Um comentário:

Anônimo disse...

Nada A Veer tem Gentee qerendo sabeer coomo qe escreve com as letra lokaa nao se e com x ou com ch