Os irmãos Gustafo e Rodolfo Pandolfo, mais conhecidos mundialmente como "osgemeos" estiveram, agora à pouco, no Roda Viva, da TV Cultura. O progama vai ao ar em reprise no Domingo, dia 20 de dezembro. A dupla já ocupou, com sua arte contemporânea, a Galeria Fortes Vilaça (SP - Brasil) e a Deitch Projects Gallery (NY - EUA), que representa Keith Haring e Jean-Michel Basquiat, artistas que também se notabilizaram pelo diálogo com o graffiti e a cultura hip hop. Digo arte contemporânea porque, conforme os irmãos definem, o graffiti só existe enquanto tal se feito na rua.
O trabalho que eles desenvolvem nas galerias é mais amplo e pode ser definido como arte plástica, ou arte contemporânea. Isto, em minha opinião, é uma boa forma de os artistas, que optaram por frequentar os meios de comunicação de massa, lutarem pela manutenção da essência da cultura hip hop, sem que ela se banalize ou se descaracterize. Eles são, em minha opinião, um bom exemplo de militantes do hip hop que sabem usar a mídia para se promoverem. Mesmo estando muito distantes do hip hop, como eles mesmos admitem, é nítido o respeito pela cultura. São artistas que não nos fazem passar vergonha quando estão sob os holofotes. Outros fizeram papelões, sendo vendidos até à exaustão como se fossem enlatados e depois sumindo, mudando radicalmente de postura ideológica ou até mesmo mostrando uma fragilidade cultural e até uma certa inocência ignorante. Viraram piada no Jô ou no Faustão, motivo de escárnio...
Aliás, outro que me impressionou com sua postura foi o Zezão. Mas este merece um outro post... Estou devendo, admito.
Estou entre aqueles que ainda acreditam no hip hop pelos seus elementos ligados uns aos outros, unidos e dialogando numa cultura de rua. Muitos que ganharam destaque abandonaram as outras linguagens, como se a sua linguagem (não importa se o graffiti, o rap, etc.) fosse única e independente. Outros chegam até a desvirtuar a história: já ouvi por aí pessoas afirmando que o rap não faz parte da cultura hip hop... Absurdos à parte, embora esteja muito longe da realidade das grandes galerias - e não me preocupo muito com isto, na verdade... - sinto muito orgulho destes caras. Souberam usufruir dos benefícios que a fama lhes trouxe com serenidade, sem jogar na lata do lixo a história de muitos, construída com "suor e sangue", e preservando com respeito o espaço daqueles que estão nas ruas desenvolvendo seus trampos e perpetuando a cultura hip hop.