segunda-feira, 7 de julho de 2008


A União Africana está sendo pressionada pela ONU, pelos Estados Unidos e pela Europa, para que rejeite a reeleição de Mugabe. Os Estados Unidos redigiram um projeto de resolução para o Conselho de Segurança da ONU prevendo sanções contra o Zimbabwe, incluindo um embargo às armas com destino ao país. As Nações Unidas consideraram que o escrutínio não teve legitimidade e os observadores da União Africana dizem que a votação não esteve conforme os níveis de democracia exigidos. A saída para a crise no Zimbabwe ocupa os trabalhos da União Africana, na estância egípcia de Sharm el-Sheik. De certa forma, era o que muitos torciam para que acontecesse: uma pressão internacional contra Mugabe.

Não tenho procuração para defendê-lo, nem tampouco vou bancar o “advogado do diabo” aqui, até porque tenho poucas informações confiáveis sobre o que realmente acontece no país. Acho, realmente, muito improvável que o Mugabe seja totalmente inocente das acusações que pesam sobre ele. Mas recebi um e-mail esses dias que confirmou algumas suspeitas que eu já havia manifestado aqui no Blog (leia aqui mesmo, abaixo do post do Xzibit)). O Zimbabwe possui 11 milhões de habitantes, 73% deles na zona rural. Apenas 4.500 proprietários brancos possuem 80% da terra cultivável, cerca de 7 milhões e meio de hectares. Milhões de negros camponeses se amontoam nas terras mais secas e de píor qualidade.

Segundo consta em artigo de Andreu Martí (leia na íntegra aqui), o governo Mugabe havia conseguido 96% de alfabetização, algo raro na África, até antes do bloqueio econômico e a crise de 1997. O Zimbabwe, como é comum na África, é um país rico em minerais: cromo, níquel, ouro, cobre, amianto, ferro, entre outros. As empresas que exploram esses minérios são norte-americanas. A Fundação Westminster para a Democracia, que financia a oposição, têm por trás a Grã-Bretanha (Ingleses...), os antigos colonizadores.
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O boicote internacional vai fazer retroceder os avanços sociais (pequenos, mas importantes) e nivelar, em termos de miséria, o Zimbabwe e o restante do continente. Pelos acordos feitos em 1980, a Grã-Bretanha indenizaria seus fazendeiros brancos no Zimbabwe para que suas terras passassem para mãos de campesinos negros. Com o pretexto de que “as terras iriam parar nas mãos de amigos de Mugabe”, este processo foi interrompido ainda nos anos 80.

A violência é artifício utilizado de ambos os lados. Há notícias de partidários de Mugabe que também foram assassinados.

A Igreja Católica, que também possui seus interesses, e participou de todo o processo colonial de pilhagem da África, também está contra Mugabe.

Se é verdade que qualquer acusação de ataque a direitos humanos deve ser investigada e, caso comprovada, combatida, também é verdade que existe o interesse, por parte das grandes potências, de dar continuidade ao saque de riquezas minerais e agrícolas, ainda que isto custe a morte de milhões de pessoas. A imprensa burguesa ocidental, muitas vezes, é um instrumento de defesa dos interesses imperialistas neo-coloniais das grandes potências...

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